segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Enquanto a liberdade não vem "

Através de um projeto na Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, de matérias na revista Marie e no programa Fantástico, o Centro de Referência da Gestante Privada de Liberdade em Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte, ganhou espaço na mídia e impressionou o público por ser a única unidade prisional da América Latina que, sem grades, abriga mulheres gestantes com seus filhos até um ano de idade.
Como já foi dito, o worldwideby é um espaço que acolhe desde as futilidades femininas até os grandes dilemas sociais, e por isso resolvi apresentar de uma só vez as duas realidades que antagonizam a vida de mulheres presas, longe do convívio social.
Essa unidade penitenciária é vantajosa em diversos sentidos na vida das tantas mulheres que lá se encontram. Elas são permitidas de amamentarem os filhos e tê-los ao seu lado até que completem um ano, vêem tevê, descansam, enfim, levam uma vida aparentemente comum a muitas outras donas de casa. A diferença está no fato que elas não têm escolha. A maioria está ali por ter cometido crimes como o tráfico de drogas e pequenos furtos. Quando perguntadas do por que se envolveram nessas atividades ilícitas, a reposta é quase unânime: por amor. Amor aos maridos, namorados, companheiros. E agora estão lá, a mercê do tempo, da sorte. Muitas são abandonas pelos próprios companheiros, pelos mesmos por quem lutaram, os responsáveis pela situação na qual se encontram. Muitas não têm mais perspectiva de vida, não sabem o que fazer, quem encontrar quando acabarem de cumprir a pena.
Levam a mesma vida pacata todos os dias. Tiveram que abdicar de suas roupas, de sua vaidade. São obrigadas a verem seus filhos partindo, muitos deles sem rumo, e ficam lá, no mesmo cantinho, paradas, esperando pelo dia que poderão, enfim, respirar novamente o ar da liberdade.
São mulheres jovens, até bonitas, mas que guardam em seu olhar a mácula, o rancor, o sofrimento, a dor, o arrependimento. Algumas conseguem superar as incertezas da vida através do amor pelo filho que esperam. Esperam para tê-lo e,da mesma forma, para perdê-lo. Desdobram-se para dar um sorriso, oferecer um gesto de solidariedade. E vocês podem perguntar: será que conseguem?

Revistas, programas, artigos e agora o worldwide by afirmam que sim, elas conseguem! Passam por cima de seus sentimentos, esquecem um pouco onde se encontram e recuperam o amor pela vida. Para as gravações e fotos, elas arrumam o cabelo, passam um pouco de maquiagem e pronto, já se consideram mulheres novamente. Enfrentam uma realidade é difícil, dolorosa, mas basta um pouco de incentivo e elas já sentem de novo o orgulho de serem mulheres e aos poucos reconhecem a força que têm por passar por tudo que passaram e ainda conseguirem erguer a cabeça e, mesmo que por pouco tempo, desejar ser mais uma vez o que eram antes de perderem a antiga vida, a liberdade. Essas mulheres podem ser,hoje, consideradas exemplo de superação e modelo para que muitas outras mulheres que perderam a auto-estima, o prazer em ser mulher possam recuperar o pouco de amor próprio que ainda lhes resta e levar uma vida feliz, satisfeitas consigo mesmas independente de como sejam e onde estejam.


Beijos, Thay Sales.

2 comentários:

  1. Gostei da abordagem e da temática apresentados :)
    interessante ver que tais mulheres ainda mantém a dignidade, como elas se deixam levar pelos sentimentos e pela lealdade aqueles que amam. Muitas delas não tiveram o destino que escolheram para si, mas foi o único que encontraram para levar suas vidas adiante. É importante que se entenda que são personalidades, meliantes, mas que ostentam sua magnitude feminina, apesar de tudo.

    Belo trabalho, Thay ;)

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  2. Muito interessante!principalmente,pela forma que o assunto foi abordado aqui nesse texto!
    Muito legal,Thay!

    Apesar de o blog ser voltado exclusivamente para o público feminino,tive a audácia de comentar :p :p

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