terça-feira, 3 de agosto de 2010

A sétima arte da Sociedade Paralela

Foi assistindo ao filme ‘Querô’ logo depois te ver visto pela primeira vez o trailer de ‘400x1’ (http://www.youtube.com/watch?v=QBiURRHZcTY ) que me veio a ideia de fazer esse post. Logo no post de estréia do WWB eu expus o meu desejo de discutir com vocês sobre o meu ideal de ‘Sociedade Paralela’, lembram?
Entretanto, nem todo mundo se interessa pelas discussões sociais; especialmente quando a sociedade em foco é a dos menos favorecidos, dos mais explorados. Foi aí, que eu pensei que se incluísse arte na nossa ‘conversa’, o assunto seria compreendido mais intimamente por alguns.Então, escolhi a sétima arte. Talvez a primeira, ou, uma das primeiras onde esses cidadãos (se é que podemos chamá-los assim) ganham a notoriedade merecida.
Aqui vai uma lista dos cinco melhores filmes brasileiros na minha opinião. Quero deixar claro que estou pondo em segundo plano as questões artísticas, como cultura popular e outros gêneros de produção em geral. Também não classifico esses filmes quanto aos efeitos especiais, qualidade de imagens, etc. São para mim os melhores filmes pelo foco que dão, na tentativa de alerta à população, a abordagem da vida dos excluídos da sociedade.

1- Era uma Vez
O romance na trama parece aliviar um pouco a tensão que existe por trás das relações entre nós, do asfalto, e os moradores das periferias da cidade. Mas no geral, o filme consegue retratar bem a dificuldade de sair dessa vida ilícita para aqueles nascidos nos morros. Eles são alvo de preconceito e humilhação a todo instante. Tentam levar uma vida comum, como a dos beneficiados que por algum motivo nasceram em um hospital e não em um barraco, mas no final acabam pagando por erros que não cometem, são vítimas do julgamento de uma sociedade amedrontada e alienada.

2- Cidade de Deus

O filme mostra os mecanismos de troca de posse do comando das organizações criminosas. É um pouco assustador e causa grande impacto ao retratar uma realidade do país que poucos conhecem e a maioria ignora. O envolvimento de crianças na vida do tráfico, os malabarismos dos bandidos buscando meios de sobreviverem, a participação e colaboração da comunidade na defesa e proteção dos homens fora da lei. É quase impossível enumerar os alertas que o filme faz para a formação de uma nova sociedade que se forma, literalmente, ao nosso redor. Em Cidade de Deus fica claro que é em vão lutar pela inclusão social dessas pessoas quando elas já encontraram o lugar onde querem viver.

3- Salve Geral

Apesar das infinitas críticas que apontam o filme como defensor cego da facção criminosa PCC ( Primeiro Comando da Capital), eu gosto bastante do filme e acho, até, que é justamente por esse motivo. Em momento algum eu visto a camisa na defesa de que bandidos são heróis, mas não nego o fato de que muitas vezes eles assumem um papel semelhante ao de Hobbin Hood.
Pocha, eles nasceram naquelas condições, até buscam a mudança, mas jamais são aceitos igualmente. Qual a saída? Implantarem um sistema próprio. Não acho ótimo convivermos com o medo de termos nossos bens roubados ou sermos mortos a qualquer instante, mas acho que para mudar esse fato, o primeiro passo a ser dado tem que ser NOSSO! Eles querem ter voz e espaço. E o que recebem em troca? Nada além de mais opressão. O interessante do filme é ver que todos, pois é, até mesmo aqueles que não precisam dos benefícios que o Comando oferece, acabam quebrando regras e se envolvendo nas atividades ilegais na busca pela melhoria de vida.

4- Tropa de Elite

Apesar do foco de abordagem do filme ser no comportamento da PM e de seu Grupo de Elite (BOPE), o filme explora bem a atuação dos bandidos no ‘mercado das drogas’ e os mecanismos que envolvem sua inserção e sobrevivência nesse mundo. O tratamento que recebem dos profissionais responsáveis por combatê-los, a constante busca por uma vida melhor, seja ela a do ‘lado certo da vida errada’ ou não, são mostradas com clareza e compromisso com a verdade.

5- Carandiru


Eu, simplesmente, não consigo não sonhar com Carandiru depois de assisti-lo. Isso quando eu durmo! Aquelas cenas me chocam de tal maneira que eu não consigo explicar. Não tenho muito o que falar sobre essa produção. Talvez esse devesse ocupar meu primeiro lugar de preferências, já que é, pra mim, o que mostra a realidade mais de perto.
O rato na mão do detento, a bacia de água quente sobre o rosto, as mil e tantas facadas, o esconderijo entre mortos na busca pela vida, o sangue escorrendo pelos corredores, a poeira encobrindo aquele espaço já tão seco de vida e esperança. Essas são as imagens que ficam em minha mente e me servem como base para afirmar que tudo que eles fazem é em busca de uma vida melhor, e que talvez por culpa nossa, não encontrem nada além da não-vida.


Interesse pelo assunto?
Assistam também: ‘Notícias de uma Guerra Particular’ ( Documentário de João Salles) e ‘Falcão: meninos do tráfico’ ( Série exibida no Fantástico de autoria de MV Bill)

Beijos, Thay Sales.

2 comentários:

  1. Atorei. Só assisti dois desses cinco, mas adoro filmes de sociedade paralela! haha Acho que é onde o cinema nacional tem sua maior expressão...o que talvez não seja uma coisa excelente, maaasss...
    xx

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  2. Adorei Tropa de elite, tô doida pra ver Era uma vez e carandiru eu num assisto de jeito nenhum. Tenho estomago fraco pra sofrimento. =~~
    Mas é verdade, é a única arte que valoriza o lado excluído da sociedade. =)

    xoxo

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